segunda-feira, 5 de março de 2007

Palavras

"Meu Deus do céu, nada tenho a dizer. O som de minha máquina é macio. Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se fossem dados: adoro a fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento. Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o invólucro mais fino dos nossos pensamentos."

Clarice Lispector - A Descoberta do Mundo (1984)

quinta-feira, 1 de março de 2007

O Bobo da Corte

Eu era o cara cuja única obrigação era fazer qualquer coisa para tirar alguns risos dos membros da corte. Por mais que eu achasse a maioria das coisas que fazia (senão todas) estúpidas, continuava lá, fazendo tudo o que eu achava mais banal e idiota apenas para ser um bom bobo. E como eu era bom em ser bobo!
Enquanto eu inventava alguma gracinha nova, a realeza ficava se divertindo e quem sabe pensando: “Como esse cara pode ser tão ridículo a ponto de pensar que isto é engraçado, é mesmo um bobo”. Mas eles gostavam daquilo. Quem sabe não pela minha atuação como bobo da corte, pelas piadinhas ou pelas quedas, mas quem sabe pela minha ingenuidade. E eu continuava lá, fazendo graça e pensando em como poderiam ser tão otários a ponto de se divertir com coisas como aquelas. Eu tinha mesmo é que ser um bobo!
Mas aprendi algumas lições. Não sou mais tão ingênuo.
Você quer ser o bobo da corte?
Depois de me aposentar como bobo e descer as ladeiras do castelo rumo à plebe, comecei a perceber que o que eu fazia era completamente aceitável e normal. Agora começo a ver bobos da corte por todos os lados, em todos os lugares. Eles estão no Brasil, estão em todo o mundo. São os bobos da corte modernos!
Pessoas escravizadas pelos seus chefes, pelos seus professores, pelo dinheiro... São, na verdade piores que bobos, pois pelo menos eu tinha a liberdade de inovar, de inventar, desde que agradasse. Mas esses bobos modernos são piores que eu poderia imaginar: são como máquinas programadas para realizar as tarefas de sua vidinha diária. Sempre as mesmas. Acordar, trabalhar, voltar pra casa cansado e dormir. Cegos, surdos e mudos. Cegos e surdos por não conseguirem perceber que a vida lhes foge na velocidade de seus passos apressados. Mudos por serem incapazes de pensar, levantar, gritar, lutar. Foram vencidos pela descrença, pela comodidade, pelo “ter tudo sob controle”.
Enquanto isso, a corte ri feliz! Seus milhões e milhões de bobos modernos estão todos presos em suas próprias celas, em suas próprias crenças. Presos por sua própria vontade! É quase como se, no fundo, todos vivessem sob o controle da matrix. Vocês são mesmo uns bobos. Vivem no ridículo de fazer tudo para poderem agradar a realeza e ainda acham que estão no controle de suas vidas. Sem saber que, façam o que fizerem, estarão sempre vivendo a mesma vida do mesmo modo: correndo pra lá e pra cá, trabalhando de sol a sol. Enquanto isso a corte lhes suga toda energia, como as máquinas da matrix. E ainda acham graça dos pobres bobos, sempre dispostos a se doar para agradar.
E aí, quer ser o bobo da corte?
Eu não quero. Mas vou ficar por aqui, por enquanto, pagando de bobo. Quem sabe eles não percebam que sou uma falha no sistema. Então ficarei com meu papel de bobo até que possa lutar, até que encontre armas e soldados. Até conseguir me libertar. Pois apesar de saber que continuo sendo um grande bobo, ainda não descobri como deixar de sê-lo.

O Tempo

Esse aí eu acabei de escrever... Acho que ficou faltando algo, mas sei lá!
Vai assim mesmo...


Ah... O tempo.

Ele que cura nossas feridas,
cessa nossa dor,
nos ensina a viver,
constrói grandes amores,
cria verdadeiras amizades,
engrandece nossa coleção de experiências...

Ele que para quando esperamos por algo,
voa quando queremos que pare,
leva nossas amizades,
apaga nossas lembranças,
mata nossa juventude,
esfria nossos sentimentos...

Será ele nosso amigo ou inimigo?


# The Strokes - Hard To Explain

Adeus Fevereiro

Terminado mais um mês.
Já se foram 2 deste ano e eu só agora estou me dando conta de que o tempo não quer mesmo me esperar. As coisas eram muito mais simples antigamente. Hoje, mesmo apesar de ainda ter a faca e o queijo na mão, não consigo mais acompanhar o ritmo da vida!
E esse foi um mês pouco produtivo em minha vida em todos os sentidos. Realmente a única coisa aproveitável nesse mês foi o carnaval! Senão poderia ter riscado de minha vida mais um mês de desânimo e fracassos.
Mas, pelo menos, creio que estou saindo desse negro fevereiro de 2007 com um novo fôlego. Não sei onde o encontrei. Se foi em uma de minha quedas, se em algum comprimido, se em uma nova paixão (apesar de não saber direito se é paixão, carinho ou se não é nada) ou se, simplesmente, consegui abrir meus olhos e ver o que está a minha volta. Sei que saio deste mês, apesar de tudo, com a cabeça erguida! E com vontade de vencer!
Adeus fevereiro!